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terça-feira, 1 de novembro de 2011

O TRANSITÓRIO E O PERMANENTE

Nós acostumamos trepidar diante das mudanças, movimentos, quando se apresentam como radicais. Conhecemos dois extremos: O conservadorismo de um lado e as revoluções do outro. No plano da vida fala-se de fixísmo e de evolucionismo para apresentar a mentalidade daqueles que professam que a vida surgiu no mundo, desde o início, como perfeita e que, ao longo dos tempos começa a perder a força, de um lado, e dos que pensam que ela iniciou de modo muito rudimentar, por assim dizer embrionária, foi evoluindo até chegar ao estágio atual, de outro lado.
Considerando a vida de cada pessoa, constatamos muitas mudanças, desde físicas até psíquicas, desde culturais até afetivas. É óbvio que o adulto não é mais criança, nem em estrutura física, nem no modo de ser, de agir e de pensar. Mudou profundamente. Radicalmente?
As épocas também mudam. Ou melhor, dizendo, as pessoas, como categorias social, mudam. Não é raro ouvir-se dizer de adultos que já não entendem mais os jovens. Quem mudou? Os adultos ou os jovens? Ou ambos? É óbvio que os adultos não são mais jovens. Devem, por isso, por uma simples questão de amadurecimento, pensar diferentemente e viver de modo diverso de quando eram jovens. Não fosse assim não teriam amadurecido. É como uma fruta madura que tem gosto diferente de uma fruta verde.
Mas eles já foram jovens. Está falhando a memória, a ponto de não recordarem seu tempo passado, ou a juventude de hoje é diferente da juventude do tempo deles? Talvez ambas as coisas!
Ai vem a necessidade de aprofundar a questão das mudanças. Os pré-socráticos debruçam-se sobre este problema. Parmênides apresentou razões filosóficas para garantir que não há real mudança em nada, nem existe movimento. O Ser simplesmente é. Permanece, portanto eternamente o que é. O resto é impressão superficial ou ilusão.
Heráclito, no outro extremo, baseado na experiência das mudanças, afiançava que tudo passa e nada permanece. Numa palavra, tudo é relativo.
Deve-se ao gênio de Aristóteles a síntese desta antinomia. Falava de ato e potência. Pode parecer questão teórica. Na verdade, porém, ela afeta profundamente nossa vida e nossa idade. Conhecemos as características da juventude. São constitutivas desta fase da vida. Resistem a qualquer mudança. São, pois permanente. Ou para dizer tudo: juventude é sempre juventude. Renova-se seus membros, métodos e mentalidade, civilização e atitudes, mas mantém um substrato comum, próprio dela. Os jovens passam, tornam-se adultos, mas a juventude permanece.
O mesmo acontece com as demais idades. Temos sempre algo permanente e algo transitório. Os adultos já foram jovens e os jovens tornam-se adultos. Mas não levam a juventude consigo. Deixam-na para os outros que virão depois deles. Por isso é importante distinguir entre o que é permanente e o que é transitório em cada idade e em cada civilização, em cada gênero e me cada época. Não podemos abalar o permanente. São como que as normas pétreas. Mas precisamos estar abertos ao novo, ao transitório e às mudanças para não esclerosarmos.
O Papa João Paulo II, de feliz memória quis que se preparasse o grande jubileu do cristianismo, do ano 2000, como uma nova evangelização. Notou que havia algo de novo no ar e que era preciso inovar. E logo concretizou: não um Novo Evangelho, nem um ouro Cristo, mas um novo ardor, novas expressões e novos métodos. Leão XIII, um século antes, ao prepara-se para o ano 1900 da era cristã tem a mesma sensação e imprimiu um impulso semelhante. Escreveu sobre as “coisas novas”.
EM Síntese: O Fixísmo e o Evolucionismo marcam a experiência humana frente à vida. Existem mudanças de idade, de fase, de época. É preciso acolher o mutável e o imutável, protagonizados por Heráclito e Parmênides. Preconiza-se, por isso sempre um novo ardor, novos métodos e novas expressões.

Adão Elvio Oliveira – Paróquia Sant’Ana